quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Estoy Quedando Atoladinha

Sim, a beleza salvará o mundo! O belo e o sublime, o belo e o sublime, como nos diz um certo escritor russo.
É preciso dançar essa minha beleza demais!

O que faz de mim uma mulher moderna, além de eu não existir, é essa ausência de sentimentos pueris, bucólicos e babacas que ainda – mas não por muito tempo – existem por aí.
Estava exultante, tinha dinheiro, álcool e lagostins na geladeira. Saí a esmo pelas boates, tudo o que eu queria era dançar a noite inteira e esquecer que vivi.
Mas acontece, queridos, que eu estou sempre na prateleira, isso é, é só chegar um homem suficientemente corajoso para me tirar da gôndola e me pôr de quatro. E não me venham com olhares inquisidores, toda mulher gosta de ser escolhida e ficar de quatro.

Foi então quando aconteceu algo semelhante a um milagre. Ele me viu ou eu o vi? Ou ele viu que eu vi que ele viu as minhas pernas?
Fui dançando lentamente em sua direção, observando aquele homem como se observa uma bela paisagem, oferecendo a ele um show exclusivo, arquitetando meticulosamente como seria, quem primeiro chuparia, enquanto ele inocentemente se equilibrava em um copo de uísque para não cair.
Eu encostei em sua braguilha e senti algo me incomodando. Segurei firme seu membro, ali, na pista de dança, esperando secretamente que todos, mesmo no escuro, pudessem nos descobrir.
Ele acompanhava com os seus grandes olhos fixos cada um dos meus movimentos. E toda a vez que eu parava de dançar para tomar fôlego e recomeçar, ele me dizia: - não para, meu bem, continua...
Em momento nenhum ele conseguia esconder a insegurança de estar ao lado de uma mulher como EU.
Nós nos abraçamos e ele afogou as suas mãos em meus cabelos enquanto eu acariciava lentamente a profundidade de suas coxas. E nos beijávamos como se estivéssemos com a boca cheia de estrelas, e ele enroscava seus ombros em mim, para que eu sentisse o seu perfume. E embora a boate estivesse barulhenta, compartilhávamos juntos de um enorme silêncio, ele segurou meus seios e apertou delicadamente os meus mamilos, eu gemia em seu ouvido como se estivesse lhe contando um segredo sujo. Então eu o cheirava de perto, cada vez mais de perto, até que conseguisse confundir minha respiração com aquele perfume antigo. E suas mãos desceram pelas minhas pernas, e quando alcançou o meu clitóris, ele pode sentir algo semelhante a eletricidade do cio dos gatos. Ele fez movimentos circulares com aquelas mãos fortes, cada vez mais intensos, até que, por fim, eu gozei profundamente, mordendo seus lábios inferiores com os dentes ferinos. Compartilhamos esse orgasmo como se compartilha uma música.
Ele se aproximou do meu ouvido e me disse: - vamos embora daqui! Eu fiz um gesto com as mãos para que ele me seguisse.

Assim que chegamos na rua, ficamos alguns segundos em silêncio, respirando profundamente. Ele me segurou com força pela cintura. Nós começamos a conversar. Sim, porque só converso depois de muito sexo.
O nome dele era Martin, Martin Francisco, filho de uma cantora decadente.
Ele me perguntou o que eu fazia. Eu respondi imediatamente, porque não sou mulher de rodeios: – Sou atriz pornô, dançarina, garota de programa e desempregada nas horas vagas. Faço sexo anal, vaginal, oral e intelectual por preço módico, porque tenho consciência da crise econômica e não pretendo falir os meus clientes.
Ele fez menção de fugir. Neste momento, eu encostei minha cabeça na lataria do carro e fingi uma tristeza natural em mulheres que são abandonadas. Ele caiu!
Entramos no seu carro e ele prometeu me salvar dessa história sórdida, deste caminho de auto-destruição que eu tinha desesperadamente me entregado.
Eu disse a ele que um homem suficientemente consciente consegue perceber que qualquer profissão rentável e honrosa na época em que vivemos é lamentável.
Expliquei que quando faço programas ou filmes pornôs, independente da força da penetração, consigo ainda refletir. Eu sou uma mulher honesta. E pessoas honestas gostam de refletir o tempo todo, inclusive quando estão trepando. Ter um trabalho burocrático me impediria de passar os dias pensando, como eu faria então para alcançar o êxtase filosófico?
Ele me disse que eu poderia ser caixa em um supermercado. Mas ele está errado, os cálculos me confundiriam, e eu prefiro segurar um membro enrijecido do que um detergente.

Expliquei a ele que minha história de pobreza e privações sempre me fizeram passar por uma certa necessidade de preenchimento. E que não estava disposta a comer doces, fazer uso abusivo de drogas ou usar absorventes internos para superar isso. Por isso escolhi o pau! O pau se tornou uma entidade para mim. Mas esse cara não entende nada de religião.

Chegamos em uma praia deserta. Eu disse a ele que estava de folga e que daria de graça a viagem inteira. Ele se animou. Me comeu na areia. Eu olhava o mar e contemplava, e gemia e conseqüentemente, gozava.
Na água, sentia o ir e vir de peixes surpreendidos no mar noturno. Ele encaixava o seu pau em mim e as ondas faziam o resto.
Também trepamos em um pasto onde vacas de olhos derramados sugavam capim e ruminavam. “Aqui tem muitos pés de gado”, eu disse, esperando que ele me corrigisse. Mas ele nem ouviu, e me comeu no meio do estrume das vacas, ocasião essa em que fiquei toda cagada.

Eu sei que o que mais chama atenção em mim são os meus quadris e a minha fuça de néscia. Mas eu sei bem quando uma relação aponta para o romantismo. Eu tive essa revelação trágica! Então, entrei no mar com o Romeu pós-moderno e sugeri que nadássemos até a morte, que seria belo, romântico, poético. Ele me olhou com os olhos marejados, estava realmente emocionado.
Mas eu sabia que seria cansativo, sufocante, vão e perigoso ultrapassar essa fronteira humanamente impossível.
Como uma criança cruel, eu pedi que ele fosse primeiro, que assim que ele estivesse afogando, eu iria morrer junto dele. Ele se foi. Sumiu naquele mar preto. Me diverti bastante ao imaginar o seu corpo viril jazendo em meio aos peixes bioluminescentes.

Fui até a estrada principal daquele pequeno paraíso e arrumei uma carona de volta para São Paulo. O motorista do caminhão ouvia Djavan no último volume. No céu, um estouro de azul, as nuvens, essas esculturas cambiantes, se movimentavam tão velozmente que pareciam um mar visto de baixo. Eu olhei para o motorista, dei um longo suspiro e desabafei: ai, que dia cheio!

La Leysla responde

querida Leysla, resisti muito, mas finalmente cedi a fantasia do meu marido de me ver com outro. Outros. Vários ao mesmo tempo. Num suingue de moema. Ele curtiu, dava para ver nos olhos dele. nem gostei tanto assim, só gozei umas duas vezes, mas vibrava de ver o olhar dele. Depois passou a me comer com truculência, violentamente mesmo. gostei. Passado algum tempo não me procurou mais, acho que se arrependeu de ter realizado a fantasia.
Como faço para ele voltar a me comer? De preferência a força? Antes dele já tinham até me batido mais no coito, mas nunca gozei tanto quanto naquelas semanas pós-suingue...

Camila

...

Camila,

O pau do seu marido apontado para o anonimato não serve de nada.
Ele precisa de outros paus para te foder. É passivel que ele seja um corno manso.
Diga a ele que seus problemas financeiros andam te atormentando, que à partir de agora você frequentará o café photo. Todos os dias, coloque uma meia de puta rica, uma bota de bico fino e anuncie sua migragem para o mundo da prostituição. Vá até o bar da esquina, compre uma garrafa de uísque e se esconda na escada do seu prédio até as 6 da madrugada, dando vastas talagadas. Assim que você entrar na sua casa e encontrá-lo insone de curiosidade e sofrimento, vai ver o que é "comer com truculência, violentamente mesmo."

Tenha a santissima impaciência!

Fui gemendo...

La Leysla

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Desgraçados Gentis

Chupar às vezes pode ser monótono, mas é normal. Digo, normal que seja monótono.
Agora que eu estou rica, eu comprei um pau cravejado de diamantes, para adornar a minha sala vazia. Só há o pau escarlate que brilhante espera minha entrada ou ilumina a minha saída.
Você pode achar piegas, ou que esse é o meu lado solar, o diabo...mas a primeira sensação que experimentei ao ficar rica foi a sozinhez. Eu gostaria de esbanjar todo o meu dinheiro com um homem. Mas ele sumiu. Eu vou explicar detalhadamente o que eu fiz para recuperá-lo: vesti uma roupa de ninja, roubei um alto falante do homem do caminhão de morangos, fui até a porta da delegacia e proclamei a plenos pulmões o nome que é a razão dos meus ais; o nome que me arrepia da espinha até os dentes; assim de baixo para cima, como um elevador alienígena, este maldito nome que fez as minhas células se movimentarem vulcanicamente, revoltando cada pêlo, cada cabelo. O bendito nome que, quando proclamado durante orgasmos simultâneos, é responsável pelas minhas visões; o nome do proprietário de um pau nunca visto dantes: CAPITÃO RENASCIMENTO! CAPITÃO RENASCIMENTO! Ao mesmo tempo em que eu gritava, fazia movimentos perigosos, para os policiais do BOPE ficarem morrendo de medo. CAPITÃO RENASCIMENTO! CAPITÃO RENASCIMENTO!
Mas sabe como são esses truculentos...em poucos minutos eu estava no xilindró.
Eu estava quase começando a escrever o meu De Profundis, quando, pelos céus, eu vejo um pau enrijecido a minha frente. Era ele! Era ele em sua melhor forma. Ele recolheu seu pau para dentro da calça e fechou o zíper demoradamente, olhando muito para mim. Eu pedi a ele com lágrimas em todos os olhos que não aumentasse a minha punição, que me deixasse apenas relar os lábios, eu faria qualquer coisa mesmo, jurei que assim que cumprida a minha pena, eu iria para um convento, eu iria para um convento e penduraria roupas brancas em um varal imaculado. Ele se recusou veementemente, e me informou que eu permaneceria ali, naquela sela asquerosa, até aprender que ele era um capitão e não podia se expor a vexatórios.
Renascimento só não é um bom candidato a chifres porque já os ostenta.
Então ele se foi e eu comecei o meu De Profundis, digno de atenção.
“Lembro-me quando era criança e meu tio Juvenal me chamava para sentar em seu colo macio, e eu ficava roçando em seu pau durante horas. Esse meu tio era muito rico e me deu muitas jóias e bancou os meus estudos, ou você pensa que eu não fiz o Mobral? Só porque sou puta, é? Não sou uma potranca xucra, apesar do tamanho das minhas coxas. Pois eu na coxa dele, ele na minha bunda. Nós dois escrevemos a melhor e desconhecida estória de humor de minha família. Porque ele queria muito me comer, mas eu não dei, ele pagou todos os meus estudos, até o fim, e eu não dei. Tio Juvenal foi o primeiro Desgraçado Gentil da minha vida. Inesquecível. Surpreendente como eu consegui manipulá-lo o tempo que quis.
Eu sempre fui puta, desde a infância. Acontece que a imaturidade nos faz cometer erros medonhos, então eu dava de graça. Um dia, eu estava sem um puto e com a boceta flamejante, resolvi ir até o café photo, decidida a ser uma puta paga. Assim que eu entrei já comecei a gritar “late que eu tô passando” com a minha invariável falta de vergonha na cara que o pessoal hoje já conhece bem!O meu primeiro programa foi realmente emocionante, porque eu tomei uísque de graça a noite inteira e conheci o segundo Desgraçado Gentil da minha vida, um menino de 20 e poucos anos, totalmente desengonçado, feio e ignorante. Ele me comeu de quatro e enquanto me penetrava, dizia: “goza pra mim ver”, eu parei imediatamente o serviço e disse para ele com uma paciência de ontem que o correto é “goza pra EU ver”, ele me deu uma bofetada na cara e disse que estava pagando para me comer e não para ter aulas de português. Depois dizem por aí que vida de puta é fácil.
Muito bem, ele me deu 800 contos e eu fui para casa morrendo de rir da cara dele e achando todos os homens uns babacas. Porque nós mulheres gastamos dinheiro com cabelo, unha e depilação, que aos olhos de um touro ignóbil pode ser uma coisa fútil, mas pagar 800 contos pra dar umazinha deve ser mesmo de muita valia. Ora, ora.
Agora vou contar à vocês com a maior honestidade do mundo que já fiz sexo com extraterrestres. Minhas experiências interplanetárias sexuais começaram um dia em que eu estava a esmo na Rua Augusta quando uma nave ziguezagueante desceu até mim, um marciano com o pau alienígena saiu de dentro da nave com seu aspecto verdeluzente. Ele me levou para dentro da nave e tivemos então o que hoje chamo de transexo. Ele me deu uma verdadeira palestra sobre o outro mundo, relatou que os paus deste lugar estão sempre eretos e com uma vontade louca de foder.
Algumas putas sentem inveja de mim, pois é claro que gostariam de vivenciar um mundo à parte. É o que buscam todos os dias, quando saem de suas casas a procura de prostituição. Não sabem o que vão encontrar, não sabem a largura do pau, não sabem de se vão amarrar ou se serão amarradas. Não sabem se vão apanhar, se serão estupradas ou se serão bem comidas. Mas o que mais querem, além de dinheiro fácil, é de uma surpresa inenarrável.
O meu primeiro filme pornô foi também muito doloroso, porque eu contracenei com o Jack Tarobão, um pau incomensurável. A filmagem não ficou lá essas coisas, porque no momento em que eu era penetrada pelo tarobão, eu não suportava a dor e fazia cara de sofrimento...”

O melhor amigo de uma puta é um taxista! Eu usei minha única ligação e chamei o Raidan, que conhece muito bem o mundo da prostituição e da polícia. Ele foi me ver na cela, e trouxe junto com ele o escrivão, os dois são amigos há longa data, e costumam repartir coxinhas no boteco. O escrivão me garantiu que me retiraria daquela cela mesmo antes de começar o meu calvário! No caso, eu deveria chupar o seu pau mole. Foi aí que eu compus o funk que hoje é o maior sucesso na internet: “go go go zando de pau mole, go go go zando de pau mole”. Ra Ra Ra! Como eu me adoro! Agora serei letrista! Duas coisas que eu sei fazer: escrever e dar. Escrever não dá dinheiro, mas dá dá.
No caso, não me deu dinheiro, mas a liberdade de voltar ilesa da cadeia e em direção àquilo que me dá mais tesão: boates, puteiros e filmes-pornôs.
Após ejacular em meus lábios com o pau maleável, o escrivão abriu as portas da felicidade e eu saltei como uma libélula insandecida em direção à rua. Jurei pelo pau cravejado de diamantes que não mais tentaria ver Capitão Renascimento. Ele definitivamente seria o último desgraçado gentil da minha história! O seu falo abrasador não mais penetraria minha caverna umedecida.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

La Lesla responde!

Olá Leysla. Queria saber sobre seu sentimento em relação a estes homens que passam a noite ou comem você?
Talita

Talita Juliana,

Fiquei um pouco preocupada com a sua dupla personalidade, mas resovi responder assim mesmo, pois tenha a impressão ou a esperança de você ser, na verdade, um homem qualquer desses que visitam minha xoxota e agora esteja preocupado com a minha dignidade. Então, vou chamá-lo de Cidão.
Cidão, eu sou uma feminista convicta. Embora eu acredite que o machismo seja muito mais interessante. Homens como você, que me comem e me abandonam, estão apenas cumprindo o regulamento complexo do machismo. Embora eu esteja certa de que este mundo está bom mesmo é pra acabar, acho legal a ignôrancia humana, e o feminismo, hoje, é só uma forma de substituir uma merda por outra. O legal do machismo é que ele exige dos homens muito mais do que o feminismo das mulheres. Vocês devem ser durões, tanto na ereção como no comportamento, vocês tem a obrigação do não-apego, vocês tem que comer e largar, para cumprir o regulamento. Eu apenas me aproveito dessas obrigações para me divertir.
E em homenagem a sua sábia pergunta, vou criar o próximo post: Desgraçados Gentis!

Fui gemendo...

La Leysla

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Entre sem bater

São emoções que me arrebatam invariavelmente.
Vocês devem se perguntar, cheios de inveja e atolados de tédio, por que a vida da Leysla é tão interessante? Por que a Leysla chupa tantos paus? Porque, queridos, verdade seja dita, eu abro os braços, o coração e as pernas para a vida.
Mas vamos começar nos preocupando mais com a minha buceta do que com o meu coração.
Capitão Renascimento resolveu brotar espontaneamente.
Marcamos em minha residência. Como faltavam algumas horas para a sua chegada, resolvi pintar o quarto de rosa. Colei na parede todos os posters dos filmes que estrelei, calcinha preta no último volume. Deixei a porta aberta e fiquei de quatro na cadeira, esperando ser penetrada. Renascimento entrou fundo. Acertou em cheio!
Depois de algum selvagem vai e vem, resolvi olhar para trás, para observar um pouco aquela cara de homem primitivo que ele faz enquanto estamos trepando.
Vocês não podem imaginar a minha reação ao me deparar com uma porção de homens filmando nosso sexo e se masturbando ao mesmo tempo. Uma equipe inteira: luz, câmera, e nós dois em ação.
Sempre fui mestra na arte da improvisação. Entrei no foco. Mirei meu cu para a Lua. Interiorizei o personagem. Meus gemidos ensaiados entravam no compasso frenético das minhas ancas, que protagonizavam o filme.
O pessoal da equipe começou a revezar minha buceta com o Renascimento.
Um vizinho ouviu tudo e resolveu entrar na brincadeira. Ele me comeu com força enquanto Renas me dava bofetadas.
O técnico da telefônica, que estava consertando um aparelho na casa do vizinho, entrou sem aviso prévio. Seu pau latejava de emoção.
Quando dei por mim, estava chupando, rebolando e revezando sem parar. Um sexo socialista, como se deve ser! Um filme grandioso, no qual eu, mais uma vez, fui a diva viva. O nome do filme: “ENTRE SEM BATER”. Vou colocá-lo em breve na internet. Esperem e verão!

Achei aquela surpresa um tanto romântica. Vocês sabem como é, uma escritora nunca deve esquecer suas raízes. E eu surgi no pornô.

Assim que a equipe foi embora, eu percebi que estava atrasada, cabulei o banho e fui para a boate, prospectar de biquini (com porra grudada por todo o meu corpo). Os homens que passavam sentiam o cheiro de sexo em mim e resolviam entrar na boate. Joelhinho, o dono do estabelecimento, ficou contente com a minha produtividade aquela noite e me colocou para dançar no palco.

Eu arrumei um rabo imenso e fui girar no mastro de biquini sem parar.
Assim que terminei o show, um homem com uma postura muito digna me ofereceu um copo nada miserável de uísque, tomei uma talagada.
Ele disse que tinha um presente para mim, que eu deveria acompanhá-lo até a linha do trem. Eu fui porque em primeiro lugar, não é sempre que surgem surpresas tão animadoras na vida de uma dançarina de boate; segundo lugar, eu queria ver se o pau daquele homem poderia subir, dado a sua senilidade; em terceiro lugar, adoro linhas de trem; uma vez eu briguei com um antigo caso meu, fui até a linha do trem e joguei uma macumba lá, junto com um diário das nossas trepadas e um celular que ele havia me dado.
É assim que deixam-se objetos pelos impulsos que não pulsam mais.

Chegando no local, encontrei um chinês meio mal encarado que me entregou um colar de pérolas. Disseram que o colar havia sido roubado em um museu e que eu devia sumir com ele rapidamente.
Eles não tentaram o coito, infelizmente. Saí de lá um pouco frustrada pela falta de imaginação do velho e do chinês, que nem me deixaram dar uma esfregada de buceta na cara deles...

No outro dia, fui até um especialista e entreguei a jóia. Descobri que era valiosíssima. Vendi para ele imediatamente. Eu estava exultante!

Fui as pressas procurar a Lurdirina. A vaca estava cheirada há quatro dias, inclusive, tinha um tiro estampado na fuça. Eu limpei o seu nariz com a língua e em seguida, enfiei a minha língua em sua goela. Acontece que eu tive a idéia genial de abrir minha própria produtora de filmes pornôs em que eu e Lurdirina estrelaríamos. Eu realizaria minha idéia de ser roteirista de filmes e venderíamos para os alemães, aqueles safados!
A Lurdirina ficou sóbria ao olhar a quantidade de dinheiros que havia em minhas mãos. Nós duas demos tantos pulos que quase quebramos o piso.

Eu pensei em pedir demissão da boate de forma amena, mas não seria a Leysla Kedman.
Então, eu virei uma garrafa de uísque no bico, vesti uma roupa inteira de couro e fui para a porta da boate. Joelhinho, ao me ver embriagada e com roupas de SM, deu gritos tresloucados. Eu entrei na boate fumando dois cigarros ao mesmo tempo, subi no palco, agarrei a dançarina pelos cabelos e joguei a quenga no chão. Peguei o microfone e disse:
"Eu, Leysla Kedman, estou farta de prospectar de biquini neste inverno rigoroso! Estou farta de chupar paus maleáveis! Estão vendo essa carne? Estão? Esta carne é valiosa! Este traseiro tem ascendência africana! Vejam a minha magreza! Mas quando eu tiro o sutiã, meus seios crescem! Meus lábios de avestruz transformam magicamente um pau mole em ereção. Estou farta da mediocridade! Estou farta dos poucos tostões que vocês, seus menesquentes, colocam no meu biquini. Se o pau de vocês fosse tão duro quanto esses bolsos, minha buceta sorriria feliz! O único defeito dos meus filmes, são vocês, espectadores! Estão todos despedidos da Leysla! Leysla tem sede! Leysla vai tirar suas próprias radiografias! Leysla vai surpreender Silvia Sant! Leysla não suporta mais esse culto ao precário! Leysla só colocará seus pés na Rua Augusta novamente para dar autógrafos! O cinema pornô sem Leysla Kedman é como um jogo da amarelinha sem a pedra!"
Apaguei o cigarro na careca de um dos donos do bar.
- Ainda bem que a loucura feminina é o mal do século. As mulheres estão TODAS enlouquecidas e, por que não? Favorecidas! -

Peguei um punhado de dinheiro e comprei garrafas de uísque, flores e lagostins.

Senti em minha consciência um pleno ventar por dentro.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

La Lesla responde!

quero fazer uma pergunta: se vc tem soníferos, porque passa as noittes acordada, escrvendo de insônia?

Juliana

Resposta:

Porque dormir para mim significaria a morte.

domingo, 27 de setembro de 2009

La Leysla responde!

Fiquei curiosa em saber como é esse anal giratório... Dói muito? dói mais que o anal normal? Tem algum tutorial na internet?
obrigada pela atenção
Camila A.

Resposta:

Camila A, o anal giratório requer uma certa prática circense. Mas não se engane, é o tipo de coisa que dói, sangra e vicia. Eu espero que você não esteja disposta a tomar drogas para superar isso.

sábado, 26 de setembro de 2009

Hoje, que eu estou boazinha, resolvi dar utilidade pra este blog. Se você tem alguma pergunta que não seja depressiva ou rabiscada, mande para mim.
Leysla Kedman também resolve suas duvidas de comichão, como fazer durar seu sabão, sexo e proteção, espermatozóide sem direção ou como derrubar a vadia que quis o homem que era seu no chão. Esfregando com esfregão, preparando o miojão, alisando no escovão, cozinhando o feijão, espremendo o limão e outras dúvidas gerais do povão.

Viu como eu sei rimar? Tudo com ão. E nem precisei usar penetração, que é o meu bordão.

Depois dizem por aí que eu só entendo de prostituição...

Venham para a luz!



Fui Gemendo

La leysla

Objeto não identificado

Vou narrar uma história talvez inenarrável, porque histórias reais são como viagens, a gente volta totalmente apátrido, tentando descrever as emoções mais tocantes, mas o que conseguimos com o relato fica muito aquém do fato. Também não gosto de fotografias, só as que estou pelada.
Não entendo porque as pessoas gostam tanto dessa coisa fria que é um pedaço de papel contendo um ínfimo fragmento de um momento. Pensamos em tirar uma foto nos momentos em que almejamos ser bacanas demais, mostrar aos outros o quanto somos sublimes. Uma grande lorota! Somos todos serzinhos reles e abjetos, somos todos infestados de fastio. Estamos todos condenados ao anonimato de nossas almas. Minha buceta sim é famosa, depois de tanto aparecer em filmes. Você pode conhecer a carne da Leysla, mas a interioridade da Leysla é imperscrutável.
Esses dias um leitor meu disse que eu era filosoquenga. Ri muito porque também não acredito em filosofias, só acredito no sexo. Eu só escrevo porque cansei de ficar conversando com as putas da Augusta, tenho nojo do tédio e muita insônia. Escrevo porque a literatura é perigosa. Afinal, se não fosse Machado de Assis, a capital não seria no centro do País. Mas eu prefiro ser prosaica a ser barroca, prefiro não entender nada sobre escrever. A verdade é que só entendo de filmes pornôs, danceterias e prostituição. Enfim, eu tenho uma relação religiosa com o sexo. Não existe nada mais sexy do que agachar no genuflexório e dar uma oradinha. E o que mais tem no mundo é gente assistindo aos filmes pornôs que eu participei. Vibrando com o entra e sai incessante na minha idolatrada vagina ou no meu ânus, que mesmo sendo pequeno como uma ervilha, se abre mais que o mar vermelho dependendo da força da ereção. Por que assistem? Porque são zeladores de cu.
Me perdi em meus devaneios. Estava dizendo que aconteceu um milagre na minha vida. Normalmente, quando estou no conforto do meu lar, absolutamente nada acontece, fora as estrelas que brotam do chão quando ponho meu vibrador de cores alucinógenas para girar, assistindo um filme Frank Zappa. É um ritual contra o tédio, que eu exerço desde a infância. E gozo mais forte que a Lurdirina com seus orgasmos metafísicos.
Acontece que desde que tirei dos orelhões aqueles anúncios de anal giratório, meu telefone nunca mais tocou. Às vezes vou até ele, tiro do gancho para conferir se não está desligado.
Estava vendo um filme infinitamente inspirador da minha melhor e desconhecida amiga Silvia Saint, quando o telefone milagrosamente tocou. Uma voz terrivelmente masculina, desses homens que parecem estar sempre com cigarros indefectíveis na ponta dos dedos, disse a palavra “alô”, eu inflei o peito, soltei os lábios, dei uma lambida vasta e respondi a palavra “alô”. Ele disse “quero entrar na sua buceta, meu pau está duro como uma pedra”, eu disse que fiquei ruborizada, ele disse “mentira, que nada”, ele disse “quero gozar na sua boca imunda”, eu sou a Rainha do mau gosto, mas tem certas coisas que eu não tolero, por exemplo: fazer sexo pelo telefone. Não tem nada a ver comigo. Também não gosto do tântrico. Afinal, eu tenho orgulho ocidental, é pau na buceta, buceta no pau. Ele disse “sua puta gostosa”, eu disse que sim, sou desde os tenros anos. Ele continuou dizendo uma porção de nomes bonitos e sujos. Desliguei o telefone quando a brincadeira começou a me entediar, mas não sem convidá-lo para um encontro carnal.
Escolhi uma roupa prateada, sandália da mesma cor, fiquei parecendo um objeto não identificado. Acertei em cheio na produção! Os meus cabelos são negros como a crina de um cavalo, e os meus dentes são fortes como a dentição de um bom cavalo. E eu sempre mostrei meus dentes quando fiz sexo oral nos filmes, ele iria me reconhecer!
Marcamos um encontro no planetário, que é um lugar infinitamente erótico e cheio de criancinhas, elas ficam lunáticas com as estrelas e gostam ainda mais do que o bambolê, que também é uma brincadeira muito sexy.
Assim que cheguei, me deparei com uma mulher alta, loira, cabelos alongados graças ao mega-hair italiano, a mesma voz viril que já havia reparado ao telefone. Ela, com gogó protuberante, me disse que se chamava Maíra, escolheu esse nome por pura pretensão de ser má e ira. Ela me convidou para ir à sua casa provar sua receita de cogumelos ao molho pauleira e estava com uma vontade louca de desabafar. Sim, um travesti belíssimo confessou estar louco por mim. As figuras de sexo indeterminado sempre cruzam o meu caminho. Você pode achar degradante, mas as experiências bizarras fazem parte do meu dia a dia.
Fizemos um sexo animalesco e bastante brutal. A confusão começou porque a trava queria ser a mulher da relação. E se tem uma coisa que eu sou é mulher. Que Deus me conserve mulher por todas as encarnações! E um poeta me disse: “Deus é uma grande buceta”. Se ele estiver certo, eu acredito em Deus.
Então, o sexo foi excentrissimo. Gostei, mas não gozei. Assim que acabamos de nos pegar, acendi o tardicional cigarro pós coito e fiquei observando as pernas daquele ser hibrido. Bonitas! Tinha uma mancha rosa, eu me lembrava de já ter visto aquela mancha...
Se tem uma coisa que mexe comigo é a curiosidade. Sempre ando com soníferos na bolsa, aqueles que fazem até uma vaca roncar. Esmigalhei um bem esmigalhado e coloquei no copo de uísque de Maíra. Como previsto, ela desmaiou em alguns minutos. Eu comecei a fuçar cada milímetro de sua casa. Um gato fedido que monopolizava o ambiente com seu cheiro fétido e com seu negro e depressivo existir, me seguia pela casa. Era o companheiro único daquela maluca. Fucei também o computador. Descobri que ela mantinha um diário. Desses que se faz e se sucede todos os dias, relatando os fatos minuciosamente. Não escrevia nada bem, era uma loucura mal formulada. O importante é que eu descobri que Maíra era meu primo, Gélico. Sempre foi apaixonado por mim, eu sou o seu sonho de infância. Lendo seu diário, descobri que o pobre mundo deste ser girava em torno de meu umbigo como um carrossel. Adorar era a palavra! Eu entendo, absolutamente. Porque sou um mito ainda não decifrado. Gélido havia se transvestido de mulher para ser como eu, e resolveu deixar o pau intacto para que, mesmo sendo eu, ainda pudesse me comer.
Eu sei que sou uma semi-celebridade, eu sei que meus cabelos são importantes, eu sei que a minha vagina latejante é o signo da devassidão. Eu sei que a Silvia Sant, se me conhecesse, se sentiria no raider. Eu sei que comigo o bicho pega seriamente! Mas isso de ter alguém me amando de forma religiosa e querendo ser como eu, me aborreceu profundamente. Porque eu fui construída no molde da perfeição, porque se Deus existe, isso é, se ele for mesmo uma grande buceta, eu saí de dentro dessa buceta! E por mais que tentem se assemelhar a mim, sempre acabam fracassando. Me deu vontade de desprezar esse mundo, tão distante de alcançar qualquer singularidade. Parece que só o Lula e eu somos capazes de ver as coisas pelo avesso neste País. Vai ver é porque nossas histórias de vida são muito parecidas. Se todas as putas fossem como eu, se todos os políticos fossem como o Lula, não estaríamos nadando contra a maré neste imenso mar de porra.

Agora tenho que ir pra boate. Prospectar de biquini sem parar. Exalar meu charme, esse que o diabo conhece bem.

domingo, 20 de setembro de 2009

A vida é um a puta, filha de uma puta igualmente puta.

Senti uma vontade especifica de alguma coisa que não existe. Não era chupar, nem dar, nem fazer movimentos circulares em meu clitóris.
Renascimento não apareceria hoje como um analgésico. Dizem que a paixão tem dessas coisas, ficamos horas pensando na pessoa alheia, e isso não é funcional, não é moderno. E eu sou tão moderna que nem existo. Não acreditam? Podem me procurar por aí!
Gostaria de estar em algum lugar que eu não estivesse. Estou meio merencória hoje.
Enfim, a boate tem sempre os mesmos caras, as mesmas putas, a única coisa que mudou nos últimos dias é que não se pode fumar, não é mais lícito. Como se a prostituição fosse regulamentada. Pode dar e cobrar, só não pode fumar.
Cansei de ser merencória, deixo isso para os homens com a cor do ocaso nos olhos.
Como eu sou uma pessoa espontânea e estou, entre os mortos, VIVA, resolvi contar a vocês a história verídica de minha última noite como atriz pornô. A história é mais ou menos assim: EU, a mulher mais bonita do filme, sou uma espiã que trabalha em elevadores, chupando os paus enquanto o elevador não chega ao destino dos empresários. Demos função para este não lugar, esse momento transitório e sem importância que é o elevador. Muito bem, eu deveria chupar um publicitário e descobrir sua secreta fórmula de criação, para vender a outra agência (falida) de publicidade, para um comercial de shampoo.
Depois de me dar a fórmula da criação, uma outra atriz deviria levá-lo à um beco sem saída, onde anciãs lésbicas e cachorros famintos fariam dele pó e o cheirariam.
Muito surrealista, não gostei muito. Eu que deveria ter escrito o roteiro. A história ficaria mais ou menos assim: EU chuparia o publicitário, o publicitário ME daria a fórmula, e EU faria o comercial de shampoo, depois, EU o levaria para o beco, EU o chuparia e EU mesma, afinal, o cheiraria. Se bem que não gosto muito de pó,
então posso deixar essa cena menor para outra atriz, a Lurdirina, no caso, que é cocainômana. Eu sou uma fora da lei, mas tem certas coisas que eu não tolero. O pó envelhece, o pó deixa as pessoas com olheiras permanentes, o pó é a droga da infelicidade, e o pó é uma mentira glamourosa imediata que quando passa faz rosnar.
Sem contar que eu sou dançarina-escritora, e o pó deve prejudicar o lado intelectual e sexual ao longo do tempo.
Gosto de sentir meus miolos coçando enquanto o vinho toma conta das minhas veias e a fumaça do meu cigarro envolve as fissuras do meu cérebro errante.
A Lurdirina me disse que eu não deveria escrever, porque não sou gabaritada em nada além de anal giratório. Inveja é o mal dessa puta! Se o Collor entrou para a academia alagoana de Letras, sem nunca ter escrito uma linha, nem em parede de banheiro, por que EU, que sou atual, já li diversos livros ou as orelhas dos livros, não posso fazer literatura?
O importante é trepar com a cabeça dos caras, e para isso não há faculdade. Não posso descrever em pormenores a sensação de êxtase inatingível que me arrebatou lendo Shakespeare, eu ali com o livro na mão, imaginando o pau latente de Macbeth me preenchendo. Ou os orgasmos niilistas que tive com Hamlet, enquanto ele duvidava dos meus gemidos. A Odisséia eu gostei, mas não gozei. A melhor parte era quando os heróis ficavam de joelhos. Na Grécia antiga, ficar de joelhos significava morrer sem honra. Hoje em dia o sentido é bem mais sexy...
Lolita foi o livro que mais trepei, nunca vi um amor tão concreto, apesar do estilo ser floreado, como Nabokov mesmo diz. Ali o amor era fisicalizado, era corpo, suor, saliva e lágrimas opalescentes. Não sei que inseto me picou, cá estou eu falando daquilo que menos acredito. Eu sei que não há extintor contra o incêndio do amor. As putas acham que chicotes, algemas e outros artefatos farão o cara pirar. Mas o maior delírio do sexo é o amor. Foi aí que relembrei do Renascimento e resolvi passar por cima do meu orgulho e ir atrás dele. Fui até a delegacia, um policial me atendeu e perguntou se eu queria fazer uma queixa, menti que sim. Fiz um B.O falso, disse que fui assaltada na rua augusta (o que é quase impossível) O escrivão me pediu que descrevesse o assaltante.
- Tinha mãos grandes, cabelos loiros compridos, olhos verdes ou anil.
O escrivão me pediu que narrasse o fato.
- Ele chegou por trás, me encoxou com força, o pau ele encaixou bem no meio das minhas nádegas e, assim que pegou minha bolsa, sumiu. E me deixou ali, sozinha, as minhas nádegas esfriaram de repente.
O escrivão, muito concentrado, anotou cada palavra. No fim da entrevista, perguntei:
- E o capitão Renascimento, onde posso encontrá-lo?
O escrivão me deu um endereço.
Fui até lá com o clitóris em chamas só de imaginar aquele pau roliço entre as minhas coxas.

Dessa vez, eu manipulei o acaso.
Assim que me viu, ele parou, olhou bem para a minha cintura. Eu dei uma viradinha, para que ele pudesse contemplar meu traseiro, fiquei um pouco nesta posição privilegiada. Quando girei novamente, ele havia sumido.
Mas e daí? A vida é uma puta, filha de uma puta igualmente puta. Agora mesmo, em comemoração, vou virar um uísque sem gelo, nua em pêlo. Liguei pra Lurdirina, ela estava atendendo um casal. A cidade me chamava, a augusta em chamas. Desci para a rua. Quadro uísques depois, o dono do bar me chamou para ir com ele em uma sinuca. Eu, petulante que sou, já ia negar o convite, quando percebi minha carteira vazia. Oquei, eu disse. Sinuca me remete à sexo invariavelmente. Bolas, tacos e buracos. Bolas, tacos e buracos. De repente, sou apresentada pelo dono do restaurante à um homem bruto, calado, que entrou conosco no jogo. Fui futricar um pouco a vida dele, e descobri que ele era chapeiro de uma padaria. Ele realmente tinha um num sei que. Algo que me lembrava o Renas e o seu peitoral. Eu sempre fui ébria, mas esse dia estava bebendo mais que mulher divorciada e fumando tal qual uma caipora. Quando abri os olhos, estava em um quarto de motel, absolutamente nua, com aquele homem me penetrando com seu pau de cavalo. Eu por cima dele, o funk bombando no último volume. Gostaria de contar linearmente para vocês, mas o que me lembro são restos entrecortados. Me lembro bem de sair do motel inteirinha engordurada da pele do chapeiro. O cu ardia mais que o sol do meio-dia. As ancas de donzela cansadas de tanto rebolar ao som frenético do sub-desenvolvimento. Uma ressaca nos escombros da minha alma, os tambores da África na minha cabeça.

Ainda vou escrever uma manual de como ser solteira e sobreviver. Sim, pois minha história com o Renas acabou. Nunca me imaginei sofrendo por algo tão rasteiro como um homem. Mas é assim, melhor um final horroroso do que um horror sem fim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Quenga Trôpega

Dia desses, a esmo na Rua augusta, lá pelas tantas, bebi sei lá também quantas e deixei cair, displicentemente, uma foto em que eu estava de costas, nua. Como não aparece meu rosto, só quem me comeu sabe que sou eu. Agora há cópias e xerox e reproduções malucas dessa foto pela cidade. Está rodando. Atingindo proporções avassaladoras. Penso que o fato me faz importante, não sei explicar detalhadamente a emoção de ser uma semi-celebridade quase- no- ápice da esperança de conseguir qualquer uma fama. Quando penso na posteridade, chego à conclusão de que, talvez, a nudez será o meu legado. Ontem, ainda cedo, conheci um cara que se apresentou como capitão Renascimento. Meteu o olhar dentro de mim. Me apertou contra o seu peitoral. Olhar de tropa, peitoral de elite. Chamei a Lurdirina para me ajudar na escolha da pouca roupa que eu usarei para encontrá-lo hoje. Ela conhece tendência francesa e londrina. Tem os furos da moda! Tudo por causa de um filme, onde ela não teve um papel vá lá muito bom, porque é baixa, e como precisavam de uma anã chupadora, ela topou. Por lá ficou com seu metro e 40 de altura nessa de chupar paus para filmes. Depois fazer boquete em rodies, nos shows espetaculares, na fruição do pau visto pela luz estroboscópica. Acho que Lurdirina é foderástica. Por que ela goza sozinha, pensando, é um exercício de concentração que exige muito treinamento e esperança. Lurdirina me diz que tem por certo que o gozo vai arrebatá-la. Esse treinamento a faz estar sempre gemendo por aí, da fila da padaria ao ambulatório. Não tenho inveja de nada. Ela foi pra Europa sem um vintém, mas de chofer. Quando a Lurdirina resolve me visitar, é um pandemônio! Mesmo ao entrar aqui no hotel, é muito brusca e mal educada. Bate a porta com tanto escândalo, que até rugem as paredes. Penso que seja pelo gozo que ela pratica enquanto se movimenta, me parece que a nenhum estímulo externo ela se retém. Eu a perdôo por, às vezes, acreditar em seu orgasmo metafísico e aceito sua petulância endiabrada, sem nada perguntar. Chega, tira as luvas rendadas e as acaricia, está normalmente embriagada. Hoje bebeu até a sombra da garrafa. Mas não deixou de me trazer os biquinis. Fiquei cansada de provar, mas não posso parar de trocar de biquini sem parar. Temos que, no meio de tantos, encontrar o que envolva melhor meu corpo, e valorize em cima, porque parecem pássaros, os meus seios. Renas os quer! Trouxe também um “cavolen”, ninguém conhece porque foi ela quem criou a peça, é uma espécie de xale, quase um. Só que é usado ao contrário do tradicional. Pela frente, botõezinhos atrás. Ideal para sair com o Renas, para não entregar os pássaros de cara! O Mistério Dos Pássaros! Amanhã continuo da praia, se não aparecer, pode denunciar coronhada.

Na rodoviária.

Renascimento marcou às 11hrs da manhã. Cheguei. Fiquei dando voltas ovalares na rodoviária, pensando, pensando, pensando nele e a espera dele, que não chegava de jeito nenhum. Eu delirava, ele me abraçando por trás, com aquele pau que eu adoro chupar, e ele me dizendo aquelas coisas lindas que diz quando estamos fodendo, e cuspindo na minha boca. E ele não dava sinal de fumaça . Entardeceu, escureceu, até choveu e o biquini dentro da bolsa. Lá se foi um dia de sol, pensei, acendendo o cigarro na ponta do cigarro de um cara que conheci por lá. Chamava Rony Claus. Do interior do nordeste. Contei sobre minha profissão, ele ofereceu dinheiro por umazinha. Mas sou dançarina, não quenga, relutei. Ele me acariciou, aceitei. Fomos no banheiro da rodoviária. Gosto de fazer sexo no precário. Bem lixão o local. A gente se esfregou, ele me comeu com força, eu me retorcia de tesão. Ele me xingou de puta, não gostei! Achei que tivesse rolando um lance de pele, mas só rolou lance de pélvis.Quando saí do banheiro, de cara com o Renas e seu peitoral! Ele me pegou pelo braço com violência, me denegriu com palavras sujas na frente dos retirantes. O Rony tentou sair de fino, não rolou. Renas pegou o cara e, literalmentemassacrou. Eu não tentei impedir, o cara tinha me chamado de puta mesmo...imaginem vocês, adorei! Nenhum homem nunca havia morrido por minha causa. Eu chorei de emoção. O renas não entendeu, achou que fosse por pena. Mas eu não choraria por outro na sua frente. Ainda assim, não conseguia sair de frente do cadáver.Finalmente, entrei no ônibus com o Renascimento. Ele tava louco da cara! Queria me bater ali mesmo. Eu gosto disso nele, é por causa do signo. Leão na casa 10. A viagem foi deliciosa. Tirando uns tufos de cabelo que ele me arrancou enquanto falava coisas imundas. A gente dormiu coladinho. Quando acordei, o Renas estava chorando porque tinha me deixado toda roxa. Gosto de lembrar dessa cena. A mais romântica do mundo. O motorista falou pra galera descer, tínhamos 15 minutos. Dei um beijo no renas e fui fazer xixi, que por causa da confusão pós coito na rodoviária de são paulo, há tempos não fazia.Minha sainha tava rasgada inteira, por causa dele. A blusa também furada, mas quanto a isso okai, que ela era de renda. Eu ali, mofina, parecendo uma quenga de beira de estrada. Os cachorros da rodoviária deste lugar obscuro resolveram mexer. Eu disse: meu marido é tropa de elite, e se faz isso comigo, imagine com você. Mostrei os hematomas. Pronto, tudo se acalmou e mijei em paz. Resolvi uma empada pra mim e outra pra ele, eu estava exultante, a gente tinha feito o maior sexo ali no banco do busão. Eu feliz, com as empadas na mão. Quando entrei no ônibus, o Renas tinha sumido. Eu procurei pelas poltronas, quando percebi que ele de fato havia fugido, paralisei. O motorista deu sinal de partida. Eu ali parada, tremendo de ponta a ponta. Desci do busão porque não sou louca de ir pro Rio de Janeiro sem grana. Nem conheço boates lá. Fiquei a noite inteira sentada do lado da máquina de bala e café. O ermo, tudo escuro. Frio, nuvem atrás de nuvem. A maior escuridão. E se eu for estuprada nesse covil, o Renas me paga, viu! Minha cabeça desvairada. Comecei a dançar pros cachorros da rodoviária em troca de qualquer coisa. Eles me pagaram 100 contos e nem tentaram forçar o coito. Dei sorte! :) Comprei um cartão e liguei pra Lurdirina, a vaca preocupada com o biquíni dela! Inveja é o mal dessa puta! Ela mandou em me virar. Peguei carona com um manézão do Rio. Vou atrás do Renas, nem que seja para vingar.

Um drinque no carrossel

Meu nome é Leysla Kedman e eu acabo de ser estuprada. Decidi escrever sobre minha vida de ex-atriz pornô, atual dançarina e futura professora de balé, porque EU, diferente das outras atrizes e pessoas comuns, sou extraordinária. Tenho talentos variados e incomuns. As pessoas sob a face da terra são de papel. Dá para fazer origamis e enrolar cigarros com as pessoas. Mas eu, mesmo sendo uma pessoa esférica, isso é, não sendo de papel, sou altamente inflamável. Conheci um poeta que me disse: "você tem lábios selvagens iluminados, quadris musicais dos anos 30", conversamos sobre a possibilidade do impossível e ele ficou louco por mim. Eu abri a sua braguilha e lhe ofereci um poema imortal indizível, e ele gozou tão profundamente que teve visões. Espero encontrá-lo mais tarde na vida. Talvez ouvir que eu me tornei sua musa inatingível. Estava dizendo que fui estuprada, pois bem, é comum. Já me aconteceu outras vezes, desta vez eu tentei não me apaixonar, é inevitável. Foram dois homens terrivelmente masculinos, com paus tão duros quanto a consciência da Alemanha, um compensava a falta que o outro me fazia durante o troca-troca. Vocês devem estar se perguntando: por quê? Por que estupraram uma ex-atriz-pornô? Porque decerto devem ter assistido ao filme de maior sucesso na internet, no qual protagonizei como uma virgem desavisada em "Penetração Acidental". Eles me deixaram na calçada fria, escura e sombria da Rua Voluntários da Pátria. Percebi que estava com esperma embaraçando meu cabelo. Fiquei horrorizada com esse fato. Como esses dois insensíveis puderam gozar no meu cabelo, fazendo ele parecer um ninho de pássaros? Quanta frieza! O duro de ser uma ex atriz pornô é que ninguém entende minha interioridade. Fui de metrô para casa, morrendo de vergonha das minhas vestes desarranjadas e o cabelo mais bagunçado que as idéias. Ao chegar, encontrei minha melhor amiga, Lurdirina, trancada no quarto com uma garota de aparentemente 16 anos. Lurdirina é confusa sexualmente. Ela disse que gostaria de mostrar àquela criança as delícias do existir, e as duas ficaram se chupando em diferentes ângulos e dimensões. Eu observei tudo porque sempre tive a certeza de que o sexo foi feito para ser assistido, prestigiado e aplaudido, mais do que o teatro, mais que os grandes clássicos do cinema, mais que as altas composições de ópera, mais do que a matemática e mais ainda do que as ciências humanas. Quem não sabe contemplar o sexo e passa as horas tentando organizar as idéias dos grandes gênios da humanidade, lendo livros infinitamente incompreensíveis, estão no mundo para faxinar uma sujeira infinda. São faxineiros do inferno. Não percebem que a luxuria sim é a razão e o fim. Cansei de ficar olhando aquelas duas se pegando como gatas no cio e fui para a Boate tentar um freela. O dono da boate chama Joelhinho, uma bicha megalomaníaca. Não gosto de falar sobre o tempo quando escrevo, me parece muito banal, mas nesse caso é indispensável, era inverno em São Paulo, e Joelhinho me pediu que ficasse de biquini na porta da boate, prospectando. Tudo por causa da lei Kassab, que mandou tirar as placas das boates. Troquei de biquini sem parar, precisava encontrar um que aquecesse melhor meu corpo, tarefa impossível. Sugeri um maiô, Joelhinho negou cruzando os braços e franzindo o sobrolho. Coloquei um fio dental e fui pra porta da boate servir de placa. Preciso arrumar outro emprego. Ou um homem suficientemente rico para sustentar meus vícios mundanos. Os homens deveriam nascer com um retrovisor no lugar das orelhas, pensei quando vi um deles virando o pescoço como um ventilador ao passar pelo meu traseiro. O bom de ser uma mulher só é que você pode colecionar porções de imundices que te dizem os homens que passam pela rua à procura de diversão. Meu sonho é construir uma boate em um carrossel, e ficar girando nos cavalinhos vermelhões. Tomar um drinque no carrossel! Dois drinques no carrossel! Um brinde no carrossel! Girando, girando. Absolutamente nua, como quis nosso Senhor. Estava exausta de ficar na porta prospectando e pensando coisas inverossímeis, quando um lixeiro passou e me convidou para ir com ele na garupa do caminhão. Eu topei! Coloquei um casaco de pele, agarrei aquele cano frio e desci a augusta alucinadamente sentindo o cheiro podre do lixo! Agora quero falar um pouco do lixo, que é uma coisa que eu gosto muito, porque tem história. As coisas novas não têm história. Vocês devem estar pensando que é muita emoção descer a rua no caminhão de lixo depois de assistir um sexo lesbiano antes de ser estuprada. Mas a noite de São Paulo se arreganha para mim como uma bunda de travesti.