quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Desgraçados Gentis

Chupar às vezes pode ser monótono, mas é normal. Digo, normal que seja monótono.
Agora que eu estou rica, eu comprei um pau cravejado de diamantes, para adornar a minha sala vazia. Só há o pau escarlate que brilhante espera minha entrada ou ilumina a minha saída.
Você pode achar piegas, ou que esse é o meu lado solar, o diabo...mas a primeira sensação que experimentei ao ficar rica foi a sozinhez. Eu gostaria de esbanjar todo o meu dinheiro com um homem. Mas ele sumiu. Eu vou explicar detalhadamente o que eu fiz para recuperá-lo: vesti uma roupa de ninja, roubei um alto falante do homem do caminhão de morangos, fui até a porta da delegacia e proclamei a plenos pulmões o nome que é a razão dos meus ais; o nome que me arrepia da espinha até os dentes; assim de baixo para cima, como um elevador alienígena, este maldito nome que fez as minhas células se movimentarem vulcanicamente, revoltando cada pêlo, cada cabelo. O bendito nome que, quando proclamado durante orgasmos simultâneos, é responsável pelas minhas visões; o nome do proprietário de um pau nunca visto dantes: CAPITÃO RENASCIMENTO! CAPITÃO RENASCIMENTO! Ao mesmo tempo em que eu gritava, fazia movimentos perigosos, para os policiais do BOPE ficarem morrendo de medo. CAPITÃO RENASCIMENTO! CAPITÃO RENASCIMENTO!
Mas sabe como são esses truculentos...em poucos minutos eu estava no xilindró.
Eu estava quase começando a escrever o meu De Profundis, quando, pelos céus, eu vejo um pau enrijecido a minha frente. Era ele! Era ele em sua melhor forma. Ele recolheu seu pau para dentro da calça e fechou o zíper demoradamente, olhando muito para mim. Eu pedi a ele com lágrimas em todos os olhos que não aumentasse a minha punição, que me deixasse apenas relar os lábios, eu faria qualquer coisa mesmo, jurei que assim que cumprida a minha pena, eu iria para um convento, eu iria para um convento e penduraria roupas brancas em um varal imaculado. Ele se recusou veementemente, e me informou que eu permaneceria ali, naquela sela asquerosa, até aprender que ele era um capitão e não podia se expor a vexatórios.
Renascimento só não é um bom candidato a chifres porque já os ostenta.
Então ele se foi e eu comecei o meu De Profundis, digno de atenção.
“Lembro-me quando era criança e meu tio Juvenal me chamava para sentar em seu colo macio, e eu ficava roçando em seu pau durante horas. Esse meu tio era muito rico e me deu muitas jóias e bancou os meus estudos, ou você pensa que eu não fiz o Mobral? Só porque sou puta, é? Não sou uma potranca xucra, apesar do tamanho das minhas coxas. Pois eu na coxa dele, ele na minha bunda. Nós dois escrevemos a melhor e desconhecida estória de humor de minha família. Porque ele queria muito me comer, mas eu não dei, ele pagou todos os meus estudos, até o fim, e eu não dei. Tio Juvenal foi o primeiro Desgraçado Gentil da minha vida. Inesquecível. Surpreendente como eu consegui manipulá-lo o tempo que quis.
Eu sempre fui puta, desde a infância. Acontece que a imaturidade nos faz cometer erros medonhos, então eu dava de graça. Um dia, eu estava sem um puto e com a boceta flamejante, resolvi ir até o café photo, decidida a ser uma puta paga. Assim que eu entrei já comecei a gritar “late que eu tô passando” com a minha invariável falta de vergonha na cara que o pessoal hoje já conhece bem!O meu primeiro programa foi realmente emocionante, porque eu tomei uísque de graça a noite inteira e conheci o segundo Desgraçado Gentil da minha vida, um menino de 20 e poucos anos, totalmente desengonçado, feio e ignorante. Ele me comeu de quatro e enquanto me penetrava, dizia: “goza pra mim ver”, eu parei imediatamente o serviço e disse para ele com uma paciência de ontem que o correto é “goza pra EU ver”, ele me deu uma bofetada na cara e disse que estava pagando para me comer e não para ter aulas de português. Depois dizem por aí que vida de puta é fácil.
Muito bem, ele me deu 800 contos e eu fui para casa morrendo de rir da cara dele e achando todos os homens uns babacas. Porque nós mulheres gastamos dinheiro com cabelo, unha e depilação, que aos olhos de um touro ignóbil pode ser uma coisa fútil, mas pagar 800 contos pra dar umazinha deve ser mesmo de muita valia. Ora, ora.
Agora vou contar à vocês com a maior honestidade do mundo que já fiz sexo com extraterrestres. Minhas experiências interplanetárias sexuais começaram um dia em que eu estava a esmo na Rua Augusta quando uma nave ziguezagueante desceu até mim, um marciano com o pau alienígena saiu de dentro da nave com seu aspecto verdeluzente. Ele me levou para dentro da nave e tivemos então o que hoje chamo de transexo. Ele me deu uma verdadeira palestra sobre o outro mundo, relatou que os paus deste lugar estão sempre eretos e com uma vontade louca de foder.
Algumas putas sentem inveja de mim, pois é claro que gostariam de vivenciar um mundo à parte. É o que buscam todos os dias, quando saem de suas casas a procura de prostituição. Não sabem o que vão encontrar, não sabem a largura do pau, não sabem de se vão amarrar ou se serão amarradas. Não sabem se vão apanhar, se serão estupradas ou se serão bem comidas. Mas o que mais querem, além de dinheiro fácil, é de uma surpresa inenarrável.
O meu primeiro filme pornô foi também muito doloroso, porque eu contracenei com o Jack Tarobão, um pau incomensurável. A filmagem não ficou lá essas coisas, porque no momento em que eu era penetrada pelo tarobão, eu não suportava a dor e fazia cara de sofrimento...”

O melhor amigo de uma puta é um taxista! Eu usei minha única ligação e chamei o Raidan, que conhece muito bem o mundo da prostituição e da polícia. Ele foi me ver na cela, e trouxe junto com ele o escrivão, os dois são amigos há longa data, e costumam repartir coxinhas no boteco. O escrivão me garantiu que me retiraria daquela cela mesmo antes de começar o meu calvário! No caso, eu deveria chupar o seu pau mole. Foi aí que eu compus o funk que hoje é o maior sucesso na internet: “go go go zando de pau mole, go go go zando de pau mole”. Ra Ra Ra! Como eu me adoro! Agora serei letrista! Duas coisas que eu sei fazer: escrever e dar. Escrever não dá dinheiro, mas dá dá.
No caso, não me deu dinheiro, mas a liberdade de voltar ilesa da cadeia e em direção àquilo que me dá mais tesão: boates, puteiros e filmes-pornôs.
Após ejacular em meus lábios com o pau maleável, o escrivão abriu as portas da felicidade e eu saltei como uma libélula insandecida em direção à rua. Jurei pelo pau cravejado de diamantes que não mais tentaria ver Capitão Renascimento. Ele definitivamente seria o último desgraçado gentil da minha história! O seu falo abrasador não mais penetraria minha caverna umedecida.