domingo, 27 de setembro de 2009

La Leysla responde!

Fiquei curiosa em saber como é esse anal giratório... Dói muito? dói mais que o anal normal? Tem algum tutorial na internet?
obrigada pela atenção
Camila A.

Resposta:

Camila A, o anal giratório requer uma certa prática circense. Mas não se engane, é o tipo de coisa que dói, sangra e vicia. Eu espero que você não esteja disposta a tomar drogas para superar isso.

sábado, 26 de setembro de 2009

Hoje, que eu estou boazinha, resolvi dar utilidade pra este blog. Se você tem alguma pergunta que não seja depressiva ou rabiscada, mande para mim.
Leysla Kedman também resolve suas duvidas de comichão, como fazer durar seu sabão, sexo e proteção, espermatozóide sem direção ou como derrubar a vadia que quis o homem que era seu no chão. Esfregando com esfregão, preparando o miojão, alisando no escovão, cozinhando o feijão, espremendo o limão e outras dúvidas gerais do povão.

Viu como eu sei rimar? Tudo com ão. E nem precisei usar penetração, que é o meu bordão.

Depois dizem por aí que eu só entendo de prostituição...

Venham para a luz!



Fui Gemendo

La leysla

Objeto não identificado

Vou narrar uma história talvez inenarrável, porque histórias reais são como viagens, a gente volta totalmente apátrido, tentando descrever as emoções mais tocantes, mas o que conseguimos com o relato fica muito aquém do fato. Também não gosto de fotografias, só as que estou pelada.
Não entendo porque as pessoas gostam tanto dessa coisa fria que é um pedaço de papel contendo um ínfimo fragmento de um momento. Pensamos em tirar uma foto nos momentos em que almejamos ser bacanas demais, mostrar aos outros o quanto somos sublimes. Uma grande lorota! Somos todos serzinhos reles e abjetos, somos todos infestados de fastio. Estamos todos condenados ao anonimato de nossas almas. Minha buceta sim é famosa, depois de tanto aparecer em filmes. Você pode conhecer a carne da Leysla, mas a interioridade da Leysla é imperscrutável.
Esses dias um leitor meu disse que eu era filosoquenga. Ri muito porque também não acredito em filosofias, só acredito no sexo. Eu só escrevo porque cansei de ficar conversando com as putas da Augusta, tenho nojo do tédio e muita insônia. Escrevo porque a literatura é perigosa. Afinal, se não fosse Machado de Assis, a capital não seria no centro do País. Mas eu prefiro ser prosaica a ser barroca, prefiro não entender nada sobre escrever. A verdade é que só entendo de filmes pornôs, danceterias e prostituição. Enfim, eu tenho uma relação religiosa com o sexo. Não existe nada mais sexy do que agachar no genuflexório e dar uma oradinha. E o que mais tem no mundo é gente assistindo aos filmes pornôs que eu participei. Vibrando com o entra e sai incessante na minha idolatrada vagina ou no meu ânus, que mesmo sendo pequeno como uma ervilha, se abre mais que o mar vermelho dependendo da força da ereção. Por que assistem? Porque são zeladores de cu.
Me perdi em meus devaneios. Estava dizendo que aconteceu um milagre na minha vida. Normalmente, quando estou no conforto do meu lar, absolutamente nada acontece, fora as estrelas que brotam do chão quando ponho meu vibrador de cores alucinógenas para girar, assistindo um filme Frank Zappa. É um ritual contra o tédio, que eu exerço desde a infância. E gozo mais forte que a Lurdirina com seus orgasmos metafísicos.
Acontece que desde que tirei dos orelhões aqueles anúncios de anal giratório, meu telefone nunca mais tocou. Às vezes vou até ele, tiro do gancho para conferir se não está desligado.
Estava vendo um filme infinitamente inspirador da minha melhor e desconhecida amiga Silvia Saint, quando o telefone milagrosamente tocou. Uma voz terrivelmente masculina, desses homens que parecem estar sempre com cigarros indefectíveis na ponta dos dedos, disse a palavra “alô”, eu inflei o peito, soltei os lábios, dei uma lambida vasta e respondi a palavra “alô”. Ele disse “quero entrar na sua buceta, meu pau está duro como uma pedra”, eu disse que fiquei ruborizada, ele disse “mentira, que nada”, ele disse “quero gozar na sua boca imunda”, eu sou a Rainha do mau gosto, mas tem certas coisas que eu não tolero, por exemplo: fazer sexo pelo telefone. Não tem nada a ver comigo. Também não gosto do tântrico. Afinal, eu tenho orgulho ocidental, é pau na buceta, buceta no pau. Ele disse “sua puta gostosa”, eu disse que sim, sou desde os tenros anos. Ele continuou dizendo uma porção de nomes bonitos e sujos. Desliguei o telefone quando a brincadeira começou a me entediar, mas não sem convidá-lo para um encontro carnal.
Escolhi uma roupa prateada, sandália da mesma cor, fiquei parecendo um objeto não identificado. Acertei em cheio na produção! Os meus cabelos são negros como a crina de um cavalo, e os meus dentes são fortes como a dentição de um bom cavalo. E eu sempre mostrei meus dentes quando fiz sexo oral nos filmes, ele iria me reconhecer!
Marcamos um encontro no planetário, que é um lugar infinitamente erótico e cheio de criancinhas, elas ficam lunáticas com as estrelas e gostam ainda mais do que o bambolê, que também é uma brincadeira muito sexy.
Assim que cheguei, me deparei com uma mulher alta, loira, cabelos alongados graças ao mega-hair italiano, a mesma voz viril que já havia reparado ao telefone. Ela, com gogó protuberante, me disse que se chamava Maíra, escolheu esse nome por pura pretensão de ser má e ira. Ela me convidou para ir à sua casa provar sua receita de cogumelos ao molho pauleira e estava com uma vontade louca de desabafar. Sim, um travesti belíssimo confessou estar louco por mim. As figuras de sexo indeterminado sempre cruzam o meu caminho. Você pode achar degradante, mas as experiências bizarras fazem parte do meu dia a dia.
Fizemos um sexo animalesco e bastante brutal. A confusão começou porque a trava queria ser a mulher da relação. E se tem uma coisa que eu sou é mulher. Que Deus me conserve mulher por todas as encarnações! E um poeta me disse: “Deus é uma grande buceta”. Se ele estiver certo, eu acredito em Deus.
Então, o sexo foi excentrissimo. Gostei, mas não gozei. Assim que acabamos de nos pegar, acendi o tardicional cigarro pós coito e fiquei observando as pernas daquele ser hibrido. Bonitas! Tinha uma mancha rosa, eu me lembrava de já ter visto aquela mancha...
Se tem uma coisa que mexe comigo é a curiosidade. Sempre ando com soníferos na bolsa, aqueles que fazem até uma vaca roncar. Esmigalhei um bem esmigalhado e coloquei no copo de uísque de Maíra. Como previsto, ela desmaiou em alguns minutos. Eu comecei a fuçar cada milímetro de sua casa. Um gato fedido que monopolizava o ambiente com seu cheiro fétido e com seu negro e depressivo existir, me seguia pela casa. Era o companheiro único daquela maluca. Fucei também o computador. Descobri que ela mantinha um diário. Desses que se faz e se sucede todos os dias, relatando os fatos minuciosamente. Não escrevia nada bem, era uma loucura mal formulada. O importante é que eu descobri que Maíra era meu primo, Gélico. Sempre foi apaixonado por mim, eu sou o seu sonho de infância. Lendo seu diário, descobri que o pobre mundo deste ser girava em torno de meu umbigo como um carrossel. Adorar era a palavra! Eu entendo, absolutamente. Porque sou um mito ainda não decifrado. Gélido havia se transvestido de mulher para ser como eu, e resolveu deixar o pau intacto para que, mesmo sendo eu, ainda pudesse me comer.
Eu sei que sou uma semi-celebridade, eu sei que meus cabelos são importantes, eu sei que a minha vagina latejante é o signo da devassidão. Eu sei que a Silvia Sant, se me conhecesse, se sentiria no raider. Eu sei que comigo o bicho pega seriamente! Mas isso de ter alguém me amando de forma religiosa e querendo ser como eu, me aborreceu profundamente. Porque eu fui construída no molde da perfeição, porque se Deus existe, isso é, se ele for mesmo uma grande buceta, eu saí de dentro dessa buceta! E por mais que tentem se assemelhar a mim, sempre acabam fracassando. Me deu vontade de desprezar esse mundo, tão distante de alcançar qualquer singularidade. Parece que só o Lula e eu somos capazes de ver as coisas pelo avesso neste País. Vai ver é porque nossas histórias de vida são muito parecidas. Se todas as putas fossem como eu, se todos os políticos fossem como o Lula, não estaríamos nadando contra a maré neste imenso mar de porra.

Agora tenho que ir pra boate. Prospectar de biquini sem parar. Exalar meu charme, esse que o diabo conhece bem.

domingo, 20 de setembro de 2009

A vida é um a puta, filha de uma puta igualmente puta.

Senti uma vontade especifica de alguma coisa que não existe. Não era chupar, nem dar, nem fazer movimentos circulares em meu clitóris.
Renascimento não apareceria hoje como um analgésico. Dizem que a paixão tem dessas coisas, ficamos horas pensando na pessoa alheia, e isso não é funcional, não é moderno. E eu sou tão moderna que nem existo. Não acreditam? Podem me procurar por aí!
Gostaria de estar em algum lugar que eu não estivesse. Estou meio merencória hoje.
Enfim, a boate tem sempre os mesmos caras, as mesmas putas, a única coisa que mudou nos últimos dias é que não se pode fumar, não é mais lícito. Como se a prostituição fosse regulamentada. Pode dar e cobrar, só não pode fumar.
Cansei de ser merencória, deixo isso para os homens com a cor do ocaso nos olhos.
Como eu sou uma pessoa espontânea e estou, entre os mortos, VIVA, resolvi contar a vocês a história verídica de minha última noite como atriz pornô. A história é mais ou menos assim: EU, a mulher mais bonita do filme, sou uma espiã que trabalha em elevadores, chupando os paus enquanto o elevador não chega ao destino dos empresários. Demos função para este não lugar, esse momento transitório e sem importância que é o elevador. Muito bem, eu deveria chupar um publicitário e descobrir sua secreta fórmula de criação, para vender a outra agência (falida) de publicidade, para um comercial de shampoo.
Depois de me dar a fórmula da criação, uma outra atriz deviria levá-lo à um beco sem saída, onde anciãs lésbicas e cachorros famintos fariam dele pó e o cheirariam.
Muito surrealista, não gostei muito. Eu que deveria ter escrito o roteiro. A história ficaria mais ou menos assim: EU chuparia o publicitário, o publicitário ME daria a fórmula, e EU faria o comercial de shampoo, depois, EU o levaria para o beco, EU o chuparia e EU mesma, afinal, o cheiraria. Se bem que não gosto muito de pó,
então posso deixar essa cena menor para outra atriz, a Lurdirina, no caso, que é cocainômana. Eu sou uma fora da lei, mas tem certas coisas que eu não tolero. O pó envelhece, o pó deixa as pessoas com olheiras permanentes, o pó é a droga da infelicidade, e o pó é uma mentira glamourosa imediata que quando passa faz rosnar.
Sem contar que eu sou dançarina-escritora, e o pó deve prejudicar o lado intelectual e sexual ao longo do tempo.
Gosto de sentir meus miolos coçando enquanto o vinho toma conta das minhas veias e a fumaça do meu cigarro envolve as fissuras do meu cérebro errante.
A Lurdirina me disse que eu não deveria escrever, porque não sou gabaritada em nada além de anal giratório. Inveja é o mal dessa puta! Se o Collor entrou para a academia alagoana de Letras, sem nunca ter escrito uma linha, nem em parede de banheiro, por que EU, que sou atual, já li diversos livros ou as orelhas dos livros, não posso fazer literatura?
O importante é trepar com a cabeça dos caras, e para isso não há faculdade. Não posso descrever em pormenores a sensação de êxtase inatingível que me arrebatou lendo Shakespeare, eu ali com o livro na mão, imaginando o pau latente de Macbeth me preenchendo. Ou os orgasmos niilistas que tive com Hamlet, enquanto ele duvidava dos meus gemidos. A Odisséia eu gostei, mas não gozei. A melhor parte era quando os heróis ficavam de joelhos. Na Grécia antiga, ficar de joelhos significava morrer sem honra. Hoje em dia o sentido é bem mais sexy...
Lolita foi o livro que mais trepei, nunca vi um amor tão concreto, apesar do estilo ser floreado, como Nabokov mesmo diz. Ali o amor era fisicalizado, era corpo, suor, saliva e lágrimas opalescentes. Não sei que inseto me picou, cá estou eu falando daquilo que menos acredito. Eu sei que não há extintor contra o incêndio do amor. As putas acham que chicotes, algemas e outros artefatos farão o cara pirar. Mas o maior delírio do sexo é o amor. Foi aí que relembrei do Renascimento e resolvi passar por cima do meu orgulho e ir atrás dele. Fui até a delegacia, um policial me atendeu e perguntou se eu queria fazer uma queixa, menti que sim. Fiz um B.O falso, disse que fui assaltada na rua augusta (o que é quase impossível) O escrivão me pediu que descrevesse o assaltante.
- Tinha mãos grandes, cabelos loiros compridos, olhos verdes ou anil.
O escrivão me pediu que narrasse o fato.
- Ele chegou por trás, me encoxou com força, o pau ele encaixou bem no meio das minhas nádegas e, assim que pegou minha bolsa, sumiu. E me deixou ali, sozinha, as minhas nádegas esfriaram de repente.
O escrivão, muito concentrado, anotou cada palavra. No fim da entrevista, perguntei:
- E o capitão Renascimento, onde posso encontrá-lo?
O escrivão me deu um endereço.
Fui até lá com o clitóris em chamas só de imaginar aquele pau roliço entre as minhas coxas.

Dessa vez, eu manipulei o acaso.
Assim que me viu, ele parou, olhou bem para a minha cintura. Eu dei uma viradinha, para que ele pudesse contemplar meu traseiro, fiquei um pouco nesta posição privilegiada. Quando girei novamente, ele havia sumido.
Mas e daí? A vida é uma puta, filha de uma puta igualmente puta. Agora mesmo, em comemoração, vou virar um uísque sem gelo, nua em pêlo. Liguei pra Lurdirina, ela estava atendendo um casal. A cidade me chamava, a augusta em chamas. Desci para a rua. Quadro uísques depois, o dono do bar me chamou para ir com ele em uma sinuca. Eu, petulante que sou, já ia negar o convite, quando percebi minha carteira vazia. Oquei, eu disse. Sinuca me remete à sexo invariavelmente. Bolas, tacos e buracos. Bolas, tacos e buracos. De repente, sou apresentada pelo dono do restaurante à um homem bruto, calado, que entrou conosco no jogo. Fui futricar um pouco a vida dele, e descobri que ele era chapeiro de uma padaria. Ele realmente tinha um num sei que. Algo que me lembrava o Renas e o seu peitoral. Eu sempre fui ébria, mas esse dia estava bebendo mais que mulher divorciada e fumando tal qual uma caipora. Quando abri os olhos, estava em um quarto de motel, absolutamente nua, com aquele homem me penetrando com seu pau de cavalo. Eu por cima dele, o funk bombando no último volume. Gostaria de contar linearmente para vocês, mas o que me lembro são restos entrecortados. Me lembro bem de sair do motel inteirinha engordurada da pele do chapeiro. O cu ardia mais que o sol do meio-dia. As ancas de donzela cansadas de tanto rebolar ao som frenético do sub-desenvolvimento. Uma ressaca nos escombros da minha alma, os tambores da África na minha cabeça.

Ainda vou escrever uma manual de como ser solteira e sobreviver. Sim, pois minha história com o Renas acabou. Nunca me imaginei sofrendo por algo tão rasteiro como um homem. Mas é assim, melhor um final horroroso do que um horror sem fim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Quenga Trôpega

Dia desses, a esmo na Rua augusta, lá pelas tantas, bebi sei lá também quantas e deixei cair, displicentemente, uma foto em que eu estava de costas, nua. Como não aparece meu rosto, só quem me comeu sabe que sou eu. Agora há cópias e xerox e reproduções malucas dessa foto pela cidade. Está rodando. Atingindo proporções avassaladoras. Penso que o fato me faz importante, não sei explicar detalhadamente a emoção de ser uma semi-celebridade quase- no- ápice da esperança de conseguir qualquer uma fama. Quando penso na posteridade, chego à conclusão de que, talvez, a nudez será o meu legado. Ontem, ainda cedo, conheci um cara que se apresentou como capitão Renascimento. Meteu o olhar dentro de mim. Me apertou contra o seu peitoral. Olhar de tropa, peitoral de elite. Chamei a Lurdirina para me ajudar na escolha da pouca roupa que eu usarei para encontrá-lo hoje. Ela conhece tendência francesa e londrina. Tem os furos da moda! Tudo por causa de um filme, onde ela não teve um papel vá lá muito bom, porque é baixa, e como precisavam de uma anã chupadora, ela topou. Por lá ficou com seu metro e 40 de altura nessa de chupar paus para filmes. Depois fazer boquete em rodies, nos shows espetaculares, na fruição do pau visto pela luz estroboscópica. Acho que Lurdirina é foderástica. Por que ela goza sozinha, pensando, é um exercício de concentração que exige muito treinamento e esperança. Lurdirina me diz que tem por certo que o gozo vai arrebatá-la. Esse treinamento a faz estar sempre gemendo por aí, da fila da padaria ao ambulatório. Não tenho inveja de nada. Ela foi pra Europa sem um vintém, mas de chofer. Quando a Lurdirina resolve me visitar, é um pandemônio! Mesmo ao entrar aqui no hotel, é muito brusca e mal educada. Bate a porta com tanto escândalo, que até rugem as paredes. Penso que seja pelo gozo que ela pratica enquanto se movimenta, me parece que a nenhum estímulo externo ela se retém. Eu a perdôo por, às vezes, acreditar em seu orgasmo metafísico e aceito sua petulância endiabrada, sem nada perguntar. Chega, tira as luvas rendadas e as acaricia, está normalmente embriagada. Hoje bebeu até a sombra da garrafa. Mas não deixou de me trazer os biquinis. Fiquei cansada de provar, mas não posso parar de trocar de biquini sem parar. Temos que, no meio de tantos, encontrar o que envolva melhor meu corpo, e valorize em cima, porque parecem pássaros, os meus seios. Renas os quer! Trouxe também um “cavolen”, ninguém conhece porque foi ela quem criou a peça, é uma espécie de xale, quase um. Só que é usado ao contrário do tradicional. Pela frente, botõezinhos atrás. Ideal para sair com o Renas, para não entregar os pássaros de cara! O Mistério Dos Pássaros! Amanhã continuo da praia, se não aparecer, pode denunciar coronhada.

Na rodoviária.

Renascimento marcou às 11hrs da manhã. Cheguei. Fiquei dando voltas ovalares na rodoviária, pensando, pensando, pensando nele e a espera dele, que não chegava de jeito nenhum. Eu delirava, ele me abraçando por trás, com aquele pau que eu adoro chupar, e ele me dizendo aquelas coisas lindas que diz quando estamos fodendo, e cuspindo na minha boca. E ele não dava sinal de fumaça . Entardeceu, escureceu, até choveu e o biquini dentro da bolsa. Lá se foi um dia de sol, pensei, acendendo o cigarro na ponta do cigarro de um cara que conheci por lá. Chamava Rony Claus. Do interior do nordeste. Contei sobre minha profissão, ele ofereceu dinheiro por umazinha. Mas sou dançarina, não quenga, relutei. Ele me acariciou, aceitei. Fomos no banheiro da rodoviária. Gosto de fazer sexo no precário. Bem lixão o local. A gente se esfregou, ele me comeu com força, eu me retorcia de tesão. Ele me xingou de puta, não gostei! Achei que tivesse rolando um lance de pele, mas só rolou lance de pélvis.Quando saí do banheiro, de cara com o Renas e seu peitoral! Ele me pegou pelo braço com violência, me denegriu com palavras sujas na frente dos retirantes. O Rony tentou sair de fino, não rolou. Renas pegou o cara e, literalmentemassacrou. Eu não tentei impedir, o cara tinha me chamado de puta mesmo...imaginem vocês, adorei! Nenhum homem nunca havia morrido por minha causa. Eu chorei de emoção. O renas não entendeu, achou que fosse por pena. Mas eu não choraria por outro na sua frente. Ainda assim, não conseguia sair de frente do cadáver.Finalmente, entrei no ônibus com o Renascimento. Ele tava louco da cara! Queria me bater ali mesmo. Eu gosto disso nele, é por causa do signo. Leão na casa 10. A viagem foi deliciosa. Tirando uns tufos de cabelo que ele me arrancou enquanto falava coisas imundas. A gente dormiu coladinho. Quando acordei, o Renas estava chorando porque tinha me deixado toda roxa. Gosto de lembrar dessa cena. A mais romântica do mundo. O motorista falou pra galera descer, tínhamos 15 minutos. Dei um beijo no renas e fui fazer xixi, que por causa da confusão pós coito na rodoviária de são paulo, há tempos não fazia.Minha sainha tava rasgada inteira, por causa dele. A blusa também furada, mas quanto a isso okai, que ela era de renda. Eu ali, mofina, parecendo uma quenga de beira de estrada. Os cachorros da rodoviária deste lugar obscuro resolveram mexer. Eu disse: meu marido é tropa de elite, e se faz isso comigo, imagine com você. Mostrei os hematomas. Pronto, tudo se acalmou e mijei em paz. Resolvi uma empada pra mim e outra pra ele, eu estava exultante, a gente tinha feito o maior sexo ali no banco do busão. Eu feliz, com as empadas na mão. Quando entrei no ônibus, o Renas tinha sumido. Eu procurei pelas poltronas, quando percebi que ele de fato havia fugido, paralisei. O motorista deu sinal de partida. Eu ali parada, tremendo de ponta a ponta. Desci do busão porque não sou louca de ir pro Rio de Janeiro sem grana. Nem conheço boates lá. Fiquei a noite inteira sentada do lado da máquina de bala e café. O ermo, tudo escuro. Frio, nuvem atrás de nuvem. A maior escuridão. E se eu for estuprada nesse covil, o Renas me paga, viu! Minha cabeça desvairada. Comecei a dançar pros cachorros da rodoviária em troca de qualquer coisa. Eles me pagaram 100 contos e nem tentaram forçar o coito. Dei sorte! :) Comprei um cartão e liguei pra Lurdirina, a vaca preocupada com o biquíni dela! Inveja é o mal dessa puta! Ela mandou em me virar. Peguei carona com um manézão do Rio. Vou atrás do Renas, nem que seja para vingar.

Um drinque no carrossel

Meu nome é Leysla Kedman e eu acabo de ser estuprada. Decidi escrever sobre minha vida de ex-atriz pornô, atual dançarina e futura professora de balé, porque EU, diferente das outras atrizes e pessoas comuns, sou extraordinária. Tenho talentos variados e incomuns. As pessoas sob a face da terra são de papel. Dá para fazer origamis e enrolar cigarros com as pessoas. Mas eu, mesmo sendo uma pessoa esférica, isso é, não sendo de papel, sou altamente inflamável. Conheci um poeta que me disse: "você tem lábios selvagens iluminados, quadris musicais dos anos 30", conversamos sobre a possibilidade do impossível e ele ficou louco por mim. Eu abri a sua braguilha e lhe ofereci um poema imortal indizível, e ele gozou tão profundamente que teve visões. Espero encontrá-lo mais tarde na vida. Talvez ouvir que eu me tornei sua musa inatingível. Estava dizendo que fui estuprada, pois bem, é comum. Já me aconteceu outras vezes, desta vez eu tentei não me apaixonar, é inevitável. Foram dois homens terrivelmente masculinos, com paus tão duros quanto a consciência da Alemanha, um compensava a falta que o outro me fazia durante o troca-troca. Vocês devem estar se perguntando: por quê? Por que estupraram uma ex-atriz-pornô? Porque decerto devem ter assistido ao filme de maior sucesso na internet, no qual protagonizei como uma virgem desavisada em "Penetração Acidental". Eles me deixaram na calçada fria, escura e sombria da Rua Voluntários da Pátria. Percebi que estava com esperma embaraçando meu cabelo. Fiquei horrorizada com esse fato. Como esses dois insensíveis puderam gozar no meu cabelo, fazendo ele parecer um ninho de pássaros? Quanta frieza! O duro de ser uma ex atriz pornô é que ninguém entende minha interioridade. Fui de metrô para casa, morrendo de vergonha das minhas vestes desarranjadas e o cabelo mais bagunçado que as idéias. Ao chegar, encontrei minha melhor amiga, Lurdirina, trancada no quarto com uma garota de aparentemente 16 anos. Lurdirina é confusa sexualmente. Ela disse que gostaria de mostrar àquela criança as delícias do existir, e as duas ficaram se chupando em diferentes ângulos e dimensões. Eu observei tudo porque sempre tive a certeza de que o sexo foi feito para ser assistido, prestigiado e aplaudido, mais do que o teatro, mais que os grandes clássicos do cinema, mais que as altas composições de ópera, mais do que a matemática e mais ainda do que as ciências humanas. Quem não sabe contemplar o sexo e passa as horas tentando organizar as idéias dos grandes gênios da humanidade, lendo livros infinitamente incompreensíveis, estão no mundo para faxinar uma sujeira infinda. São faxineiros do inferno. Não percebem que a luxuria sim é a razão e o fim. Cansei de ficar olhando aquelas duas se pegando como gatas no cio e fui para a Boate tentar um freela. O dono da boate chama Joelhinho, uma bicha megalomaníaca. Não gosto de falar sobre o tempo quando escrevo, me parece muito banal, mas nesse caso é indispensável, era inverno em São Paulo, e Joelhinho me pediu que ficasse de biquini na porta da boate, prospectando. Tudo por causa da lei Kassab, que mandou tirar as placas das boates. Troquei de biquini sem parar, precisava encontrar um que aquecesse melhor meu corpo, tarefa impossível. Sugeri um maiô, Joelhinho negou cruzando os braços e franzindo o sobrolho. Coloquei um fio dental e fui pra porta da boate servir de placa. Preciso arrumar outro emprego. Ou um homem suficientemente rico para sustentar meus vícios mundanos. Os homens deveriam nascer com um retrovisor no lugar das orelhas, pensei quando vi um deles virando o pescoço como um ventilador ao passar pelo meu traseiro. O bom de ser uma mulher só é que você pode colecionar porções de imundices que te dizem os homens que passam pela rua à procura de diversão. Meu sonho é construir uma boate em um carrossel, e ficar girando nos cavalinhos vermelhões. Tomar um drinque no carrossel! Dois drinques no carrossel! Um brinde no carrossel! Girando, girando. Absolutamente nua, como quis nosso Senhor. Estava exausta de ficar na porta prospectando e pensando coisas inverossímeis, quando um lixeiro passou e me convidou para ir com ele na garupa do caminhão. Eu topei! Coloquei um casaco de pele, agarrei aquele cano frio e desci a augusta alucinadamente sentindo o cheiro podre do lixo! Agora quero falar um pouco do lixo, que é uma coisa que eu gosto muito, porque tem história. As coisas novas não têm história. Vocês devem estar pensando que é muita emoção descer a rua no caminhão de lixo depois de assistir um sexo lesbiano antes de ser estuprada. Mas a noite de São Paulo se arreganha para mim como uma bunda de travesti.