quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rodízio de xoxota

Terminei minha crônica anterior felicíssima por ter mostrado a vocês como se comete um amoricidio! Eu o fiz nadar até a morte, prometendo que me mataria a seguir. Vejam, eu o convenci a morrer. Mas sou eu a assassina?
Ele deve estar no limbo agora, no maior bate boca pra ver se o mandam para o céu ou para o inferno. Se ele for esperto, pode alegar que foi assassínio, se o santo for maldoso, pode dizer que foi suicídio. Mas eu acredito que foi um suicídio indireto. E como não acredito em nada disso, fui embora de carona chupando o pau do motorista de caminhão que era uma afronta de tão grande. Inclusive, contei a ele tudo o que tinha se passado, e aproveitei para usar minha criatividade e inventar uma boa parte da história. Fiquei imaginando se tudo aquilo que eu imaginava tivesse mesmo acontecido.
Realmente, minha experiência foi inesquecível! E tudo o que é inesquecível tem uma trepada.


Estamos no início de um ano, um verão caótico. Almas desmoronando. Um sol que nos queima até os ossos. Mas pelo menos pude pegar um bronzeado legitimo e não de lâmpada.
Ainda existem aquelas pessoinhas peçonhentas que nos dizem: feliz ano novo. Já vou avisando: feliz ano novo o caralho porque só as sexy symbols são felizes!

Eu estava na janela da minha casa, descascando o esmalte carmin das unhas, pensando em criar um deus novinho em folha, um deus que regesse as atrizes pornôs, quando uma chuva torrencial invadiu meu apartamento e levou todos os meus pertences. Mas é assim mesmo: pobre nada tem, quando chove perde tudo.

Salvei meu pau cravejado de diamantes que comprei quando estava rica e pensei: “devo procurar alguém para me ajudar nessa nova fase da minha vida agora em escombros”. Mas sabe como é: eu só tenho duas amigas, a Lurdirina, que está sempre me humilhando por pedir seus biquínis infestados de candidiase emprestados. Também tem a Gioconda Areta, aquela gorda impossível, jamais conseguiria me ajudar, está sempre drogada. Inclusive ela é a única junkie que eu conheço que nunca emagreceu uma grama.
Depois meus leitores dizem que eu só falo de homem, que não relato minhas experiências com mulheres e até que sou misógina. Ora, vá!
Eu sempre tive que contar com a ajuda de desconhecidos (tirei essa frase de um filme).

Sentei em meio aos escombros, montei ali mesmo minha cadeira de praia e tomei tranquilamente um suco de laranja com vodka. Depois de alguns minutos, senti um cheiro irresistível de homem e tirei os óculos para ver melhor. Era o bombeiro, um rapaz solícito e infelizmente vestido. Ele capturou algumas de minhas calcinhas de renda que pago 3 reais a unidade numa lojinha chinesa da Santa Cecília. Fizemos um acordo que consistia em eu desfilar para ele com aquelas calcinhas e, em troca, ele me deixaria morar em sua casa humilde até que a tempestade passasse e as coisas se reconstruíssem por força da inércia.

O bombeiro se chamava Allan e tinha coxas que deixavam no raider o Capitão Renascimento. Allan também tinha um problema especial - sim, pessoas especiais tem problemas especiais – seus testículos sofreram um acidente de trabalho e agora ele tem apenas uma bola para ostentar, por isso o chamei carinhosamente de “Allan, o monobol”. Era inevitável que isso mexesse com sua hombridade.

Allan também tem uma mãe, é uma cristã exagerada e dogmática. Nós duas nos daríamos muito bem se a conversa se limitasse aos animais que enchem a casa ou receitas copiadas dos programas de televisão. Mas ela quis me converter! E foi ai que começou a quizumba. Eu disse a ela que nunca usei drogas pesadas, porque para quem as usa existe o perigo iminente de virar crente.
A mulher me disse que minha mãe não tem útero. Eu pedi educadamente para que ela pegasse no meu clitóris de 20 cm.
Allan se intrometeu na discussão e declarou seu amor prematuro por mim. A velha má, com a ajuda Deus – que segundo ela, nunca a abandona – foi obrigada a preparar um prato de salsichas para mim.
Comi olhando muito para ela, de forma que deixasse claro que minha existência ainda iria incomodá-la. Em contrapartida, ela me surpreendeu me presenteando com uma bíblia! Há tempos não recebia um presente! Abri a bíblia, recortei as aquelas letrinhas microscópicas, escrevi meu nome várias vezes e colei na porta de Allan. Isso também é uma coisa muito divertida de se fazer!
Quando a velha viu a porta, ficou puta da cara e começou seu plano maquiavélico para me retirar o mais rápido possível de sua residência. Percebi que Allan, como todo homem despreparado, acabaria despencando para o lado da mãe.
Mas eu realmente estava apaixonada pelo “Allan monobol”! E vocês sabem, o amor é cego, surdo, mudo e paraplégico. Então eu aceitei sem titubear as maldades e as comidas horrorosas que a velha fazia para me punir.

Um dia, cansada das injustiças da velha e do mundo, pensando nas dívidas que a vida tem comigo e que nunca irá me pagar, comecei a articular meu plano escatológico, plano esse em que minhas amigas emprestáveis poderiam me ajudar.
Gioconda Areta, depois de cheirar carreiras infindas foi me visitar. Ela ficou incumbida de assoar todo o pó que continha em suas narinas na cortina que a velha lavava quinzenalmente com tanto esmero.
Havia tanto pó alojado na cartilagem de Geoconda, que sobrou para as tolhas de mesa e principalmente para o papel higiênico em que a velha limpava as partes baixas. Lurdirina fez sexo anal com a santa cruz que enfeitava a parede. Todas nós colamos chicletes nos santos e cuspimos no corrimão.
Allan me expulsou de casa por causa das traquinagens. A velha sorriu levemente, com um ar de satisfação.
Mas como minha condição de mulher apaixonada não me permite dar as costas simplesmente, comecei a perseguir Allan. Stalkeando sua vida, descobri que Allan é um veado enrustido. Agora me deixem falar um pouco sobre isso, que é uma coisa que me incomoda muito, porque as bichas enrustidas são uns nazistas de si mesmos. Mas, mesmo com esse conceito formado na minha cachola, fiz uma suruba com direito a lesbianismo e sexo bizarro com Allan e sua rapazeada. Lógico que Lurdirina estava presente e filmou tudo. Mandamos o vídeo para a velha e agora estamos esperando o convite do velório daquele fulgurante coração de mãe.
Descobrir que Allan é enrustido não doeu muito em mim, eu só vou deixar de me apaixonar quando minhas ancas e meu coração estiverem exaustos.

Todos os dias, eu acordo, ponho meu fio dental, minha sandália de strass, saio, gravo horas de filmes pornôs, danço no mastro e penso: pra quê?

Dia desses, voltando de uma gravação do filme “Buceta em flâmulas”, estava absolutamente embriagada, já havia tropeçado em minha sombra, resolvi dançar errado em uma poça d’água! Foi aí que quebrei o salto da minha sandália de strass e cai de cara na água pútrida. Mas não pensem que vou me matar ou me resignar ou desistir, pelo contrário, vou é ficar ótima que hoje tem rodízio de xoxota!

4 comentários:

  1. jou jou
    seu caos é desesperador e suas imagens cheiram a sao paulo, ja lhe falei disso!
    essa sua puta é uma delicia em todos os sentido, esse projeto tem que ir para o papel!
    bjs
    David

    ResponderExcluir
  2. Caralhp, muito bom, vc escreve bem e faz umas comparações fantásticas.
    Último post em 3 de fevereiro....continua, não pára amor, não pára...

    ResponderExcluir
  3. Gostei bastante,
    bem espirituosos seus textos.

    ResponderExcluir